Passei por ele.
Ele passou por mim.
Já não sou mais eu,
ele não é mais aquele.
Levou minha sujeira,
deixou seus restos em mim.
Colou coisas na minha pele,
uma podridão se foi daqui.
Me tirou pedaços,
deixou rio em mim.
E agora
quem olha,
por engano,
nos reconhece,
mas não estamos mais ali.
Atravessados,
se ele nunca é o mesmo,
também me perdi.
Sou outra a seguir.
Poema honrosamente ilustrado em aquarela pela minha amiga Elemy Baez – mais um rio caudaloso a passar em minha vida e fluindo muita gratidão.